‘Vice-governador do AM tinha influência direta nas decisões da Secretaria de Saúde’, diz PF sobre 2ª fase da Operação Sangria

Manaus – Na segunda fase da Operação Sangria, deflagrada nesta quinta (8) em Manaus, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão no gabinete do vice-governador do Amazonas, Carlos Almeida (PTB).

Segundo o delegado Regional de Investigação e Combate ao Crime Organizado, Henrique Albergaria Silva, foram apreendidos materiais que devem ser usados na investigação que aponta fraudes e desvios na compra de respiradores para o estado.


Até o fim da manhã, a assessoria particular do vice-governador Carlos Almeida informou ao G1 que ainda não vai se pronunciar sobre o assunto. Por enquanto, aguarda o levantamento de mais informações sobre a operação.

O Governo do Amazonas disse, em nota, que está contribuindo com a apuração dos fatos pela Polícia Federal e órgãos de controle.


A segunda fase da operação, segundo o Ministério Público Federal (MPF), teve o objetivo de aprofundar a apuração sobre uma organização criminosa instalada no Governo do Amazonas com o intuito de desviar recursos públicos destinados a atender às necessidades da pandemia da Covid-19. Até essa quarta-feira (7), mais de 4,2 mil pessoas tinham morrido com a doença.

Conforme o delegado, por meio dos materiais apreendidos na primeira fase da operação Sangria, em junho deste ano, além dos diálogos que foram interceptados com autorização judicial, foi possível identificar que o processo de contratação dos respiradores foi todo manipulado conforme a proposta apresentada pela empresa investigada.


Além disso, Albergaria foi questionado pela imprensa sobre o envolvimento de uma empresa internacional nesse esquema. Na ocasião, o dinheiro da compra dos respiradores teriam sido enviados para essa firma. O valor, segundo o delegado, ainda está sob apuração.


Ao todo, nesta quinta-feira (8), em Manaus, cinco pessoas foram alvos de mandados de prisão temporária:


o ex-secretário de Saúde do estado, Rodrigo Tobias;
a ex-secretária executiva da pasta, Dayana Mejia;
o engenheiro clínico Ronald Gonçalo Caldas Santos;
o marido da ex-secretária de Comunicação do estado, Luiz Carlos de Avelino Júnior;
e Gutemberg Leão Alencar, apontado como “homem de confiança” do governador;


A defesa de Luiz Carlos Avelino informou que eles não vêem razão para a prisão, já que ele esteve à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos, “tendo formalizado requerimento, nesse sentido, à autoridade policial há mais de três meses”. A defesa de Avelino informou que ele colocou à disposição da polícia seu sigilo fiscal e bancário.

Além disso, também são cumpridos nove mandados de busca e apreensão. Ainda de acordo com o delegado, o cumprimento dos mandados deve seguir até o fim do dia. Os presos devem ser ouvidos na sede da Polícia Federal, em Manaus, e em seguida, ainda nesta quinta-feira (8), levados para presídios da capital.

Primeira fase da Operação Sangria


A primeira fase da Operação Sangria apontou supostas fraudes e desvios na compra de respiradores, com dispensa de licitação, de uma importadora de vinhos — os equipamentos deveriam ser destinados ao combate ao novo coronavírus, que causa a doença Covid-19. A PF cumpriu os mandados na sede do governo do estado, na casa do governador Wilson Lima e na secretaria de saúde, em Manaus.

A operação cumpriu mandados de prisão temporária contra oito pessoas, além de buscas e apreensões em 14 endereços de pessoas ligadas a Lima. As medidas foram determinadas pelo ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e incluem o bloqueio de bens no valor R$ 2,976 milhões, de 13 pessoas físicas e jurídicas, incluindo Lima.

A PF chegou a pedir a prisão de Lima, mas Falcão disse que, “ao menos neste momento”, isso não se justifica.

Segundo a investigação, foram identificadas compras superfaturadas de respiradores; direcionamento na contratação de empresa; lavagem de dinheiro; e montagem de processos para encobrir os crimes praticados com a participação direta do governador.

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