Alimentação saudável é aliada no combate ao diabetes, doença que já atinge mais de 13 milhões de brasileiros
Uma das maiores ameaças silenciosas à saúde pública, o diabetes tem avançado rapidamente entre os brasileiros — e a mesa do dia a dia está no centro dessa discussão. A doença, que já afeta mais de 13 milhões de pessoas no país, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, está diretamente ligada às mudanças no estilo de vida e nos hábitos alimentares das últimas décadas.
A professora Fernanda Albuquerque, do curso de Nutrição da Estácio, explica que a alimentação é um dos fatores mais determinantes para o controle e prevenção da doença. “Antes, o brasileiro se alimentava com produtos naturais, como arroz, feijão e frutas. Hoje, há um consumo excessivo de alimentos ultraprocessados — ricos em gordura, açúcar e sal —, que estão entre os principais responsáveis pelo aumento dos casos de diabetes tipo 2”, afirma.
Da comida de verdade aos ultraprocessados: uma transição perigosa
O fenômeno, conhecido como transição nutricional, marca a substituição de alimentos tradicionais por produtos industrializados, o que tem levado ao aumento de doenças crônicas como obesidade, hipertensão e diabetes. Segundo Fernanda, o estilo de vida sedentário e o consumo frequente de fast food e refrigerantes agravam o quadro, “Essas mudanças alteraram completamente o padrão alimentar da população. Quanto mais industrializado o cardápio, maior o risco de desenvolver doenças metabólicas”, alerta.
Comer bem é prevenir: a importância da educação alimentar
Embora o diabetes não tenha cura, o controle é possível — e começa no prato. Fernanda destaca que não existe alimento proibido, mas sim escolhas conscientes e moderação. “A chave está em priorizar fibras, vegetais, frutas e leguminosas, que ajudam a manter a glicemia estável. O paciente precisa entender como o corpo reage aos alimentos e aprender a equilibrar o que come”, explica.
Ela também alerta para o uso de adoçantes artificiais, muitas vezes vistos como substitutos inofensivos do açúcar. “Os adoçantes podem interferir na microbiota intestinal e estimular o apetite, gerando o efeito contrário ao esperado. É preciso avaliar o uso com orientação profissional”, ressalta.
Entre as principais recomendações estão o fracionamento das refeições, o consumo de alimentos com baixo índice glicêmico e a associação com atividades físicas regulares, que aumentam a sensibilidade à insulina.
Prevenir é o melhor remédio
De acordo com a professora, identificar o pré-diabetes e adotar mudanças precoces de estilo de vida pode evitar o avanço da doença. “Quando a glicemia está um pouco alterada, perder cerca de 10% do peso corporal e melhorar a alimentação já podem reverter o quadro e impedir a progressão para o diabetes tipo 2”, explica.
O diagnóstico é feito por exames simples, como glicemia de jejum, teste oral de tolerância à glicose e hemoglobina glicada. O tratamento varia conforme o tipo da doença, mas sempre exige acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, com médico, nutricionista e, muitas vezes, psicólogo.
Apoio familiar e informação fazem diferença
Além da alimentação e do tratamento médico, o apoio emocional e familiar é fundamental. “O paciente precisa se sentir acolhido. Quando a família participa, cria-se um ambiente alimentar mais saudável e as mudanças se tornam parte da rotina”, destaca Fernanda.
O desafio, segundo a especialista, é cultural: transformar a relação das pessoas com a comida. “Educação alimentar é um ato de prevenção. Saber escolher, preparar e consumir os alimentos de forma equilibrada é a melhor forma de cuidar da saúde”, conclui.
Com informações da assessoria



