Covid-19 no Amazonas: novo surto lota hospitais, cemitérios e fecha comércio mais uma vez

Manaus – O Amazonas volta a enfrentar uma situação crítica por causa da pandemia de Covid-19. Com mais de mil pessoas internadas e registros recordes de novas internações, o estado entrou na fase roxa na pandemia. Hospitais e cemitérios voltaram a ficar lotados, e o comércio precisou fechar mais uma vez.

O Amazonas já registra mais de 204 mil casos confirmados de Covid-19, e as mortes pela doença passam de 5,4 mil. O único estado da Região Norte com mais casos (295 mil) e mortes (7,2 mil) por Covid é o Pará, porém a incidência na população ainda é maior no Amazonas.

Enquanto a incidência de casos a cada 100 mil habitantes é de 3,4 mil no Pará, o Amazonas registra incidência de 4,9 mil. Em relação aos óbitos por Covid, a mortalidade no Pará chega a 84,1 a cada 100 mil habitantes, e no Amazonas esse número salta para 130,6.

Média móvel em alta
Em relação à média móvel de mortes em comparação com os últimos meses de 2020, o número registrado na segunda-feira (4) foi de 23, o mais alto desde 7 de outubro, quando a média também era 23. Para dar uma noção do crescimento, em 6 de dezembro, a média móvel era de 9 mortes.

A média móvel é calculada com a média de casos ou mortes dos últimos 7 dia. Para calcular, soma-se o número de casos ou mortes do dia com o dos 6 dias anteriores.

Caos em hospitais
Por causa do grande aumento de casos de Covid-19 em Manaus, dois hospitais – Platão Araújo e 28 de Agosto – montaram tendas externas para a triagem de pacientes no dia 29 de dezembro. O G1 visitou os dois hospitais e ouviu uma série de reclamações de pacientes:

Tenda usada como estacionamento e falta de médicos
Demora no atendimento e falta de testes
Profissionais de saúde comem em enfermaria
Pacientes internados dividem ala com obras
Funcionários batem ponto ao lado de internados em corredor
Até esta terça-feira (5), do total de 476 leitos de UTI para Covid, apenas 54 estavam disponíveis (taxa de ocupação de 88,66%). Em relação aos leitos clínicos para Covid, dos 1.286 ofertados, apenas 172 estavam desocupados (taxa de 86,63%).

O governo do estado também teve de reconfigurar a rede de saúde para enfrentar a pandemia, inclusive prevendo o uso de maternidades para tratar os pacientes. A medida gerou protestos do Sindicato dos Médicos do Amazonas.

Outro médico fez um apelo emocionado, pedindo que as pessoas se protegessem, pois a situação começava a ficar grave.

A Secretaria da Saúde orienta que as pessoas devem buscar atendimento médico logo nos primeiros sintomas. Contudo, a população não deve ir aos hospitais, destinados aos casos mais graves, e sim procurar as UBSs mantidas pela prefeitura.

Câmaras frigoríficas e ampliação de cemitérios
Além das tendas externas, outra medida triste já vista em Manaus foi reeditada. Trata-se do uso de câmaras frigoríficas instaladas em hospitais para armazenar os corpos de mortos durante o primeiro pico da doença. As estruturas foram montadas, pela primeira vez, em abril, após o colapso nos sistemas de saúde e funerário do estado.

A prefeitura da cidade também preparou novas áreas em cemitérios para enterrar os mortos vítimas da doença. No Cemitério do Tarumã, onde ocorreram enterros coletivos no pico da pandemia, em abril, as covas serão abertas em um terreno e também serão utilizadas gavetas.

Segundo a Prefeitura de Manaus, a média de enterros diários na cidade aumentou de setembro em comparação com dezembro, passando de 30 para 45 sepultamentos

O Cemitério Nossa Senhora Aparecida chegou a ter filas de carros funerários e despedidas do lado de fora da grade. Pelo risco de contaminação, apenas três pessoas podem acompanhar os enterros.

Fechamento do comércio
O decreto que proíbe o funcionamento de todos os estabelecimentos comerciais e serviços não-essenciais no estado do Amazonas pelo período de 15 dia foi publicado na segunda-feira (4), pelo governador Wilson Lima. Além do comércio geral fechado, restaurantes só podem funcionar para delivery e estão proibidas festas e reuniões.

As medidas são válidas até o dia 17 deste mês e estão previstas interdições e multas diárias de até R$ 50 mil.


Lima já tinha tentado fechar, sem sucesso, o comércio no estado. Ele havia publicado um decreto que impedia atividades consideradas não-essenciais que entraria em vigor em 26 de dezembro. No entanto, uma multidão foi às ruas para protestar contra o fechamento das lojas.

Empresários e comerciantes criticaram o governo por ter publicado decreto durante vendas de fim de ano. O trânsito chegou a ser isolado nos arredores da casa do governador, após manifestantes ameaçarem depredar o local.

Com a pressão exercida pelos comerciantes, o governador recuou e liberou o funcionamento das atividades não essenciais, com apenas algumas restrições de horário.

Porém, como o número de mortes continuou batendo recordes no Estado, a Justiça determinou a suspensão total das atividades, em uma decisão que autoriza, inclusive, o uso de forças policiais para que a ordem fosse mantida.

Para tentar amenizar a crise econômica provocada pela pandemia, Wilson Lima anunciou um pacote de crédito a partir do próximo dia 11 de janeiro. Segundo ele, serão disponibilizados R$ 140 milhões no total, com auxílios entre R$ 500 e R$ 100 mil.

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